terça-feira, 19 de julho de 2011

SOBRE O INIMIGO

Caramba, como se fala no diabo! Fico impressionado como ele se tornou necessário. O diabo suga a fé, derruba crente, se infiltra em poderosas redes de televisão, envia pragas, fura pneu de carro, provoca terremotos, conhece os limites dos municípios e domina territórios. Compete e ganha de Deus. É diabo para cá e para lá o tempo todo.
Se alguém está triste, advinha quem mandou a tristeza.
Se alguém duvida, advinha quem mandou a dúvida.
Se alguém adoece, advinha quem mandou a enfermidade.
Arre! Chega! Será que ninguém vai assumir o que faz?
Fica fácil culpá-lo já que o mundo inteiro está controlado, guiado, dominado, manipulado e organizado por Satã.
Mas o Bicho merece o estatus de espantalho, Judas, bode expiatório?
Até quando os humanos vão projetar nele suas mazelas?
Dá para compreender tanta importância. Como se levantaria dinheiro nas igrejas se o Capeta não fosse a estrela do show da fé?
Como televangelistas inculcariam pavor nas pessoas se o Coisa-Ruim não fosse tão medonho?
Como as poderosas multinacionais da fé subsidiariam seus projetos se o Demo não adquirisse tanta força?
Confesso. Tenho medo de uma religião em que o mal se torna o pivô da espiritualidade.
Fico apreensivo com uma fé que não pode prescindir de ameaças e arredio com uma ética constrangida pela possibilidade de Satanás ter direitos legais para arrasar as pessoas que erram.
Não discuto a sua existência. Fico apenas suspeitoso com tanta badalação. Eu já não gostava dele, agora não aguento mais ouvir falar na Peste.
Por mim, Belzebu não receberia nenhum jabá. Eu não permito que ele dê o tom do meu culto a Deus; não aceito que seja a minha motivação para agir.
Enfim, não deixo que ele tome o lugar de Jesus.
Ricardo Gondim

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