Já dizia Érico Veríssimo: “ Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento”.
Como centenas de outros ocidentais antes e depois dele, Paul Tillich abre as portas do espírito a potencialidades ilimitadas. As fronteiras impostas pela razão, até certo ponto necessárias para controlar a fantasia e manter o contato com a realidade, tornam-se impeditivas da criatividade quando ultrapassam seus limites naturais. Essa medida é fundamental, e seu não aferimento pode romper a cerca que separa a loucura da inspiração. Nietzsche, Strindberg e Van Gog conheceram esse perigo na própria carne. O filósofo alemão Karl Jaspers afirmava que o ser humano só toma consciência de si mesmo em “situações-limite”, no fracasso da razão levada até sua linha de demarcação. Ali estão os caminhos da transcendência e nada semelhante existe no cotidiano em que impera a rotina e onde dominam os mecanismos de segurança psicológica e teológica que o homem cria para si mesmo a cada pensamento e em cada escolha.
O homem tem a roda do leme nas mãos, e com o vento que sopra – quando sopra – pode fazer quase tudo em sua viagem pelos mares da vida. O bom navegante a vela é o que aproveita bem o vento. Tudo o que exige para chegar onde deseja é que haja algum sopro nas velas, sem o que não há viagem, não há rumo, não há vida. O que diferencia os indivíduos é sua fé nas possibilidades de navegar, havendo os que acreditam que alguma coisa pode ser feita ao leme, e outros que descobriram que é quase ilimitada a liberdade humana para traçar seu próprio rumo. Esses possuem uma chama especial, uma forma de entusiasmo que leva para frente e, ao mesmo tempo, conserva a tranqüilidade e o discernimento.
Fonte: http://nelsoncostajr.com
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