quinta-feira, 17 de março de 2011

Lampejos do Evangelho

"Para Jesus, porém, o "bom samaritano", apesar de ser herege, era um modelo de religiosidade indicado como exemplo a seguir para o clero de Israel, e o centurião romano de cafarnaum, conquanto gentio, era o tipo clássico de homem de fé, e o Nazareno tem a audácia de afirmar que não encontrou grande fé como a dele nem mesmo em Israel.
Ser religiosos era para Jesus conhecer e amar a Deus e em Deus amar as criaturas de Deus; e não consistia em assinar determinada fórmula de credo ou colocar-se dentro da moldura jurídico-teológica desta ou daquela seita eclesiástica(...)"

"(...) O homem religioso, identificado com esse espírito de Jesus, não defende nenhuma igreja ou religião, mas vive Deus em toda a sua realidade. Quem defende uma igreja ou determinada religião pode ser um bom teólogo, rabino ou sacerdote, mas não religioso, pois ser religioso quer dizer descobrir Deus dentro de si, como Jesus, e viver em permanente conformidade com essa gloriosa descoberta, que é amor incondicional e universal."


"(...) O egoísmo eclesiástico pregado pelas igrejas sectárias, quer do Antigo quer do Novo Testamento, é a mais radical apostasia do cristianismo, que é essencialmente amor inclusivista e universal. É precisamente nesse amor pan-inclusivo e onilateral que consiste a verdadeira catolicidade do cristianismo.
Qualquer "ismo" restritivo e coarctante dessa universalidade é incompatível com a verdadeira catolicidade. "Catolicismo-romano" quer dizer "universalismo não-universal", "universalidade parcial".
Se catolicismo fosse catolicidade, evidentemente não seria exclusivista, nem excomungaria os que, como o bom samaritano herege e o centurião gentio, encontraram a Deus fora das muralhas dogmáticas duma determinada sociedade eclesiástica."

"É tempo, senhores teólogos dogmáticos, de enterrarmos os nossos ídolos, tidos e havidos por sagrados e voltarmos a um conceito mais puro e mais espiritual do cristianismo. Cristão genuíno é todo aquele que possui o espírito de Cristo e vive segundo espírito, porém é de um amor ao próximo universal, nascido dum profundíssimo amor a Deus."
"Há quem afirme que o cristianismo possa salvar o mundo-enganam-se! há quase dois mil anos o cristianismo tem cometido os maiores crimes de que há memórias nos anais do gênero humano, incluindo cruzadas, inquisições, guerras de extermínio, infernos de ódio, rios de sangue e de lágrimas-e ninguém dirá que isso seja salvação."

Trechos do livro Lampejos do Evangelho
Huberto Rohden

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