Qualquer que seja o futuro do cristianismo, e por várias razões, vai ser necessário abrir espaço para a penitência. Não a penitência da auto-mutilação, mas a do espírito. “Arrepender-se” tornou-se palavra que não significa nem “reformar a conduta” (mais perto do sentido grego original) nem o mais fraquinho e popular “sentir-se mal” – porque, os novos profetas esclarecerão rapidamente, cristão nenhum pode sentir-se mal. Se você está contrito, eles vão tentar fazer você sorrir. “O importante é ser feliz”, esclareceu um cristão experimentado nessas questões.
São Brabo, o monge-lutador medieval que dizia que “o importante é fazer a coisa certa”, discordaria indignadamente.
Na liturgia cristã contemporânea só há espaço, naturalmente, para o louvor. Há cantos e danças, mas se você quiser encontrar espaço para a contrição vai ter de fazê-lo sozinho. Pensando bem, talvez tenha sido sempre assim. Já Jesus salientou que no seu tempo a voz alta que se ouvia no Templo era a do fariseu celebrando de coração “porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros”. A penitente contrição do corrupto cobrador de impostos, batendo no peito de longe e sem levantar os olhos, se alguém ouvia era Deus.
Fonte: http://www.baciadasalmas.com/
Se, por um lado, o cristianismo contemporâneo está superando exageros e erros relacionados à mensagem evangélica no que diz respeito a temas relacionados ao pecado e culpabilidade, por outro lado, infelizmente, parece-me que está se perdendo a noção de pecado. E quando o ser humano não reconhece o seu pecado, não há razões para se buscar a penitência, que nada mais é do que a evidência do reconher-se pecador. Assim sendo, o que resta-se a fazer é bater palmas e sentir arrepios.
ResponderExcluirCaro Anauri, seu comentário veio para enriquecer o assunto.
ResponderExcluirSe observarmos, as mensagens pregadas nas igrejas estão cada vez mais seguindo uma linha de auto-ajuda e na minha concepção esta linha está na horizontal, e só irá melhorar neste plano. A verticalidade é um caminho estreito onde se encontra a penitência, a renúncia, é neste caminho que se conhece a verdade. Poucos são os que trilham, disse o Mestre.
Agradeço seu comentário.