Há entre os coleópteros um inseto que, em pleno fulgor de belezas primaveris, só se interessa por uma coisa - o monturo.
Encontrar entre as flores dum canteiro um montículo de esterco é para ele inefável delícia.
Almas mesquinhas existem que encontram intenso prazer em chafurdar na lama de escândalos e remexer latas de lixo em casa alheia.
Quanto mais baixa e vil é uma alma, tanto maior o prurido de descobrir os pecados alheios para contrastarem com as virtudes próprias que julga possuir.
Quanto mais perfeito é um homem tanto mais indulgente é com os outros e tanto mais severo consigo mesmo.
Ele não agradece a Deus “por não ser como o resto dos homens, ladrões, injustos e adúlteros” – mas bate no peito e, de olhos baixos, murmura: “Meus Deus, tem piedade de mim pecador”
Os descaridosos fariseus levaram a mulher adúltera até Jesus e ele disse: Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra.
Todos se retiraram, ficando só a mulher e Jesus. Este sem pecado poderia ter atirado a pedra, mas como poderia um homem sem pecado ser sem piedade?
Como poderia a suprema pureza deixar de ser a infinita caridade?
De alma para alma Rohden
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