quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Da Crença Para a Experiência

Até o fim da Idade Média, prevalecia na cristandade o período da crença em Deus, na imortalidade, no Cristo, no mundo espiritual.
Com o fim da Idade Média, grande parte da cristandade e da humanidade ocidental abandonou a crença, e, com o início da Renascença, muitos proclamaram a ciência como elixir da felicidade. A crença, que é um ato de boa vontade, foi substituída pela ciência, que é um ato da inteligência.
Hoje, porém, após quase cinco séculos de Renascença, e no apogeu da ciência, a nova humanidade está iniciando o terceiro estágio da sua evolução ascensional, para além da crença e da ciência — rumo à experiência de Deus e do mundo invisível. Se a crença foi um ato de boa vontade, e a ciência um ato da inteligência — a experiência é o despertar da razão, do Lógos, do Cristo.
A crença corresponde à infância.
A ciência é da adolescência.
A razão é da maturidade.
O grosso da humanidade continua no período da crença, porque a imensa maioria do gênero humano se acha ainda no plano da infância espiritual, em que a única atitude é a de crer em Deus e no mundo espiritual. Nem é provável que, em tempo previsível, haja uma humanidade que consiga ultrapassar o estágio da crença, uma vez que a evolução progride com passos mínimos em espaços máximos. Para esta humanidade, a crença é necessária, porque é um freio disciplinar para conter o homem dentro de certos limites de moralidade.
Os que perdem a crença sem atingirem a experiência caem facilmente na descrença.
Da crença há um possível regresso para a descrença — mas da experiência não há regresso para a inexperiência.
A certeza dos verdadeiros iniciados não vem da crença, menos ainda da ciência, mas vem da experiência. O homem que não tem experiência de Deus e da imortalidade não realizou o destino da sua existência.

Huberto Rohden – A Nova Humanidade – Ed. Alvorada

4 comentários:

  1. Olá Samuel, posso não concordar com todos os postulados do texto, mas uma coisa é certa: caminhamos para a era da experiência.
    Eu tenho dúvidas apenas sobre a ênfase cristológica desta era. Abraços

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá amigo Fábio, dúvidas é o que mais tenho ainda mais tratando de cristologia. Penso nas palavras ditas por Gandhi talvêz o maior dos cristãos mesmo sendo Hindu. Quando todos os missionários cristãos tentaram converter ao seu cristianismo teológico respondeu dizendo: "Eu aceito Cristo e seu Evangelho, não aceito vosso cristianismo. Também disse um escritor inglês, Albert Schweitzer, filho de um pastor evangélico cristão, escrevendo em um de seus livros: "nós os cristão inventamos um soro e injetamos este soro aos homens e quem é vacinado com o soro do nosso cristianismo não aceita mais o Cristo". Gosto da forma que Rohden aborda o Cristo Divino que abitou plenamente no Jesus humano "eu e o Pai somos um", Paulo também disse " não vivo eu mas Cristo vive em mim". Seria um escandalo eu dizer que Cristo habita fora do cristianismo, mas...

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  4. Valeu, Samuel. Também sou contra fórmulas, parto do princípio do relacionamento.
    Me permita alguns pitacos. O escritor que você citou (Schweitzer), se for o famoso teólogo, não é ingles e sim alemão (franco-alemão), nasceu na Alsácia e formou-se em teologia em Strasburgo. Ficou famoso por escrever algumas obras sobre cristologia.
    Quanto ao Cristo fora do cristianismo, não vejo crise. Cristo transcende o cristianismo.
    Abraços

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