sábado, 19 de fevereiro de 2011

Céu e Inferno

A tradição teológica Cristã sempre tratou o céu como paraíso pós-morte. Essa figura do céu como lugar se tornou a essência do conceito evangélico de salvação: ser salvo por Jesus é ter um lugar garantido no céu. Por causa disso tendemos a tratar a morte como um ponto de ruptura que vai subverter tudo e colocar todas as coisas definitivamente em seus devidos lugares. Aqueles que forem para o céu serão transformados instantaneamente em seres perfeitos. Os que forem para o inferno serão cristalizados em estado de maldade e danação eternas.
Mas o que aconteceria se pelo menos por uns instantes aceitássemos a proposta de Dallas Willard e considerássemos a vida pós-morte um prolongamento desta vida? Neste caso, as pessoas não seriam transformadas de imediato, mas teriam um longo caminho a percorrer até que se tornassem capazes de viver no céu. Essa é a idéia de C.S.Lewis, em seu inquietante livro O GRANDE ABISMO, onde defende a noção de que o céu é um lugar que nem todo mundo vai suportar ou gostar de estar. Isso nos coloca diante de um conceito a mais em relação ao céu: o céu não é lugar de ódio, mas de amor. O céu e o inferno poderiam perfeitamente ser um mesmo lugar, experimentado de maneira diferente por gente diferente.
Dietrich Bonhoeffer segue o mesmo raciocínio quando afirma que “ser cristão não significa ser religioso de uma determinada maneira, tornar-se alguém (um pecador, um penitente ou um santo) com base em alguma metodologia, mas significa ser pessoa; Cristo não cria em nós um tipo de ser humano, mas o próprio ser humano”.
Considere essa possibilidade e veja se a essência do Eclesiastes não poderia ser assim resumida:
O céu ou o inferno não serão muito diferentes da terra se você andar com Deus. Somente quem é puro de coração e submisso a Deus experimenta o estado de graça que torna um ser verdadeiramente e legitimamente humano, capaz de experimentar a plenitude da beleza e do amor. Toda vez que você tiver a sensação de que o crime compensa, estará abrindo mão do que Deus tem para dar e buscando a felicidade em outro lugar. Trocar a satisfação em Deus pelo prazer efêmero do crime é tolice.
Viver é existir para o outro, incluir Deus em tudo, desfrutar sem possuir, desfrutar sem controlar, repartir sem empobrecer, doar sem medo de passar necessidade, amar e ser amado. O resto é inferno. E o crime não compensa.


Extraído do Livro de  Ed Rene kivitz
O Livro mais Mal-Humorado da Bíblia

Um comentário:

  1. Graça e paz mano aqui é o Lucas do blog consciência e fé muito legal teu blog cara, aquela enquete a li a minha vontade era de jogar tudo no lixo "gospel" hehehe

    Enfim cara me passa o teu msn que a gente precisa troca umas idéia.Abração

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